Prudência
Não aprofundes nunca, nem pesquises
O segredo das almas que procuras;
Elas guardam surpresas infelizes
À quem lhes desce às convulsões obscuras.
Contenta-te com amá-las, se as bendizes,
Se te parecem límpidas e puras,
Pois se,às vezes, nos frutos há doçuras,
Há sempre um gosto amargo nas raízes...
Trata-as assim, como se fossem rosas,
Mas não despertes o sabor selvagem
Que lhe dorme nas pétalas tranqüilas,
Lembra-te dessas flores venenosas!
As abelhas cortejam de passagem,
Mas não ousam prová-las nem feri-las...
(Raul de Leoni [1895 – 1926])
0 comentários:
Postar um comentário