domingo, 21 de setembro de 2008

Oswaldo Antônio Begiato

O meu Poeta Homenageado da semana é o Amigo e Poeta:
Oswaldo Antônio Begiato
Esta pessoa tem uma sensibilidade que não existe igual, é impar.
Somente tenho que agradecer a sua atenção e seu carinho para comigo.
Abraços e beijos poéticos
Da sua eterna amiga
Graciela da Cunha
Seus endereços:

BLOG
http://oabegiato-poesias.blogspot.com

PÁGINA NO RECANTO DAS LETRAS
http://recantodasletras.uol.com.br/autores/oabegiato

A FADA E SEU MEL


A FADA E SEU MEL
Queria escrever-te um poema festo
em uma fina folha de papel vergê
e guardá-lo no pote onde busco mel
para serenar minha boca amarga.

Fadando, fí-lo com letras de nuvens
nas linhas retas de um céu azulíneo.
Guardei-o na leveza frágil do véu
que cobre a face sã da brevidade.

Prendeu-me as teias brancas do instante,
tecidas pelas tuas mãos de fada,
fazendo-me eterno e imortal
como o mel de tua boca suplicante.
(Oswaldo Antônio Begiato)

“Dois Corações”


“Dois Corações”
Dois corações quando unidos,
Em uma distância necessária
Nada precisam falar,
Nada precisam explicar.
Somente na luz de um olhar
Buscando no fundo do perdão
Revelam o arrependimento de ambos.
Já sabem o que querem.

Amor é um poema lindo
E seus versos não podem ser quebrados,
É festa nos corações apaixonados
Festa de almas valentes e irmãs.
O amor é um diamante raro
Que se garimpa com os olhos limpos
No rumo do amor perfeito,
NO rumo de uma flor sem distância.

Como a flor que necessita de luz e calor
Às vezes o amor necessita da distância
Pra que seu valor de jóia rara se mostre
Claro como o brilho do olhar apaixonado.
(Graciela da Cunha e Oswaldo Antônio Begiato)

“Poeta das Fadas”


“Poeta das Fadas”
O nosso poeta quer que seus sonhos
Se comportem como sonhos
Mas quando ele vê a confusão
Que as fadinhas aprontam...

Seus sonhos deixam de se comportar
E saem rebeldes a voar
Mãos dadas,fadinhas a poetar
Arco-íris de rimas soltas pelo ar

O nosso poeta é um sonho ao luar
É a inspiração das fadas que amam poetar
É o maestro que rege o nosso bailar
É o doce amigo que vem nos rimar

Sua essência tão linda e sublime,
nos ensina e nos contagia...
sempre que ele chega nos trazendo,
um pouco da sua sabedoria.

(Graciela da Cunha/Bernadette Moscareli/ Valquíria Cordeiro)
06/08/08
(Homenagem ao Poeta Oswaldo Antônio Begiato )

FRUTO MADURO


FRUTO MADURO

O tempo
é um pêndulo
de dois gumes.

Amadurece
nossa alma,
deixa-nos
doces,
belos,
tenros.

Quando estamos
em pleno gozo
da maturidade
e chegam
os tempos da colheita,
implacável,
ele nos separa
do tronco
da raiz,
da seiva.

Nascer é iniciar
O caminho da morte.

É crueza inaceitável.
(Oswaldo Antônio Begiato)

PROCRIAÇÃO


PROCRIAÇÃO
Quero-te na tua mais livre
profundidade
Palmilhando as minhas mais insensatas
superfícies
Como se eu fosse um prato raso
Com o ventre repleto de desejos tenros.

Quero-te na tua mais fraterna
lógica
Defendendo as minhas mais insensíveis
demências
Como se eu fosse uma rua estreita
Com o ventre repleto de paralelepípedos turvos.

Quero-te na tua mais igual
exatidão
Inventariando as minhas mais insanas
incoerências
Como se eu fosse um ponto cego
Com o ventre repleto de brotos ternos.

Quero-te, sobretudo, na tua mais pródiga
fecundidade
Alimentando as minhas mais inservíveis
esterilidades
Como se eu fosse tua filha bastarda
Com o ventre repleto de promessas toscas.
(Oswaldo Antônio Begiato)

MAR


MAR

Nada na natureza
Identifica-se mais comigo
Do que o mar.

Guarda em suas profundezas
Tantas branduras
Quantas branduras
Guardo eu
Nas minhas profundezas.

Permite às suas superfícies
Tantos turbilhões
Quantos turbilhões
Permito eu
Às minhas superfícies.

Aliás, lhe falta apenas
Uma vogal feminina
Para ser amar. Como eu.
(Oswaldo Antônio Begiato)

DESDÉM


DESDÉM
Se em vez de ter nascido fardo
Pudesse escolher nascer canção,
Gostaria de ter nascido fado,
Pra ti composto.

Se em vez de ter crescido pranto
Pudesse escolher crescer dança,
Gostaria de ter crescido tango,
Bem a teu gosto.

Se em vez de ter morrido cedo
Pudesse escolher morrer velho,
Gostaria de ter morrido quedo,
Pra teu desgosto.
(Oswaldo Antônio Begiato)

CIGANA


CIGANA
Ainda tenho guardada
na caixinha envernizada
de minha memória infiel
a imagem da moça,
vestindo saia longa e alaranjada
feito uma cigana,
lendo minha mão
e entendendo meu coração.

Sempre me dava um conselho:
- Tome sempre duas;
a primeira é para tirar
o pó da garganta,
a segunda é para fechar
o corpo.

Desde então,
nunca mais fui infeliz.
(Oswaldo Antônio Begiato)

CORES


CORES
Não fossem
o arco íris,
as flores,
as borboletas
e os beija-flores
minhas candências
seriam somente
tardes cinzentas
e meus enlevos
filmes mudos.

Eu não passaria
de um vidro,
conspurcado,
de nanquim preto,
nas mãos
de um desenhista
descuidado.

É dele a imagem,
em branco e preto,
do espinho encravado
que carrego no peito
como prova de meu amor,
esse imenso amor
que sinto por ti
e que estará eternamente
matizado de cores,
das mesmas cores
que me ofertaram
o arco-íris,
as flores,
as borboletas
e os beija-flores.
(Oswaldo Antônio Begiato)

TERNURA


TERNURA
Com as estrelas que deixei cair
de minhas asas de borboleta-transparente,
pedi à minha fada-madrinha
que bordasse, com linhas do infinito,
uma noite somente para meu amor.

E com as flores que deixei cair
De minhas folhas de violeta amadurecida,
Pedi ao meu anjo-da-guarda
Que bordasse, com linhas de eternidade,
Um céu branco e lilás
para ser o dia da noite do meu amor.
(Owaldo Antônio Begiato)

TEATRO AMADOR


TEATRO AMADOR
Tenho por máscaras
Um fascínio incontrolável.

Será que guardo
no meu mais profundo abismo
um desejo de teatro?

Ou será que a Verdade
amarga a minha imagem crua
e me mete medo?

O que quero eu revelar,
o que quero eu negar,
se a máscara que uso
é cópia fiel de meu rosto roto?
(Oswaldo Antônio Begiato)

MILAGRE


MILAGRE

Era uma flor triste!
Mas o homem passou por ela;
Tocou suas pétalas, macio,
Beijou seu caule, lascivo,
Fecundou suas folhas, cálido,
Despertou-lhe um frescor, vivo,
E encheu sua vida de cor.

A flor se perenizou toda!
(Oswaldo Antônio Begiato)

IRRECOBRÁVEL


IRRECOBRÁVEL

Em toda minha vida
tive um único instante
de lucidez.

Foi quando invadiram-me
e roubaram-me
a precisão.

Não consigo mais
colocar o pingo nos is.

Não consigo mais
soletrar as palavras.

Já não sou mais preciso.
(Oswaldo Antônio Begiato
)

NO NÃO DIZER



NO NÃO DIZER

Não estou
Não sou
Não vou

Não mudo
Não quero
Não pode

Não

Pronto
E ponto.

Há no não dizer
Uma inescrutável euforia
Uma inestimável alforria
(Oswaldo Antônio Begiato)

DESEJOS


DESEJOS
Venha me ver.
Fale comigo.
Conte-me suas coisas.
Cobre de mim tudo o que eu puder
E tudo o que eu não puder.
(Se depois de tudo ainda sou capaz de não poder.)
Aperte meu corpo
ao seu corpo dividido

Leia nos meus versos desajeitados
o amor que sinto
o azul com gosto de oceano limpo que lhe desejo.

Chegue mais perto
Sinta as coisas que me cercam.
Veja o sabiá cantando
na paineira
Veja folhas da paineira caindo
Deixando suas painas brancas aumentarem
Veja a transgressão de meus olhos
Quando olham para você.
Veja a malícia de meu pensamento
Que não escuta o que fala
Mas se enche de desejos obscenos.

Venha me ver com seus olhos pontiagudos!
(Oswaldo Antônio Begiato)

"OLHOS"


"OLHOS"
Minha morada tem janelas
Por onde entram imagens
Invertidas e pervertidas,
Cujas vidraças e vitrais,
Presos às esquadrias de minhas seguranças,
Ocupam-se em traduzi-las
E transformá-las em imagens doces.

São imagens de minha liberdade
E de minha demência
Que minhas paredes impermeáveis
Impedem-me de tocar
Aprisionando-me em meus tantos temores.

Mas cuido para que minhas janelas,
Seus parapeitos e paralelos,
Estejam sempre perfumados e enfeitados
Com pétalas e parapétalas
De flores encharcadas de cores.
E que seus vidros e olvidos
Estejam sempre aquecidos
Com luzes encantadas e lustrais
E com uma luz azul sem fim
Capaz de produzir universos
Inventar canções eternas,
E desenhar um céu cheio de horizontes.

Porque é por elas que um dia,
Arrebentando todas minhas resistências,
Fugirei, voando, para bem longe de mim.
(OSWALDO ANTÔNIO BEGIATO)

TRÊS MACACOS


TRÊS MACACOS

Se preciso for
me tapar os ouvidos,
eu tapo.

Se preciso for
me fechar os olhos,
eu fecho.

Se preciso for
me calar a boca,
eu calo.

Se preciso for
me parar o coração,
eu paro.

Só não permito
me castrar os sonhos
que tenho.
(Oswaldo Antônio Begiato)

CONFISSÃO INSENSATA


CONFISSÃO INSENSATA
Deixa-me fazer teu lado esquerdo
E deixar-te-ei me fazer o lado direito.
Deixa-me beijar teus lábios superiores
Com meus lábios inferiores
E assim beijarei com minha língua suja
A tua alma inocente.

Deixa-me fazer o teu destino certo
E deixar-te-ei me fazer o destino torto.
Deixa-me tocar tua pele transparente
Com minha pele maculada
E assim tocarei com meu inferno frio
O céu que Deus fez pra ti.

Deixa-me aceitar o teu perdão
E deixar-te-ei essa confissão insensata:
Eu te amo, meu incruento e sadio amor;
Não pelos pecados que me perdoas sempre
Mas pelos pecados que sempre me permites
Toda vez que eu te amo insensatamente.
(Oswaldo Antônio Begiato)

BEIJO


BEIJO
Tenho
meu espaço
e meu tempo.

Não me busque
no sol
se estou no chão.
Não me busque
no chão
se estou nos sonhos.

Não chegue
adiantado.
Não chegue
atrasado.

Adiantado,
ainda não sou;
atrasado,
já fui.

Beije-me
sempre.
Assim
permito-me
ser matéria e espírito,
infinito e eternidade.
(Oswaldo Antônio Begiato)

AMAR-TE


AMAR-TE
E porque
Num dia de sol avivador
Os caracóis e os girassóis resolvessem
Assemelhar-se a ti
E teu suor fazer-se cheiro de cio;
Te amei!

E porque
Num dia de frio intenso
As santas e as mantas resolvessem
Proteger a ti
E teu calor fazer-se alívio à saudade;
Te amei!

E porque
Num dia de chuva abundante
As espinhas e as linhas resolvessem
Delinear a ti
E teu ardor fazer-se lágrimas em teu prazer;
Te amei!

E porque
Num dia de abandono lancinante
Recebeste-me com braços aveludados
Fazendo-me o teu favorito
E me fazendo de ti
teu cio,
tua saudade,
teu prazer;
Te amei!

Acima de tudo;
Mais do que tudo!
(Oswaldo Antônio Begiato)

RECORDAÇÃO


RECORDAÇÃO
É sua essa tardinha
Perfumada de jasmim.
Guarde-a com esmero
Em sua caixinha de costura.
Assim, toda vez
Que for pregar um botão
Em seu vestido carmim
Vai se lembrar do meu amor:
Ele foi perfumado
Como o botão de jasmim
Que se enamorou dela, tardinha,
E a perfumou todinha.
(Oswaldo Antônio Begiato)

SINGULAR


SINGULAR

Dou-te uma rosa,
Primeira,
Com o espinho consagrando
O sangue
Que de minha mão roubou.

Dou-te meu amor,
Primeiro,
Com a saudade estrangulando
O ângulo
Que de tua alma roubei.
(OSWALDO ANTONIO BEGIATO)

POSSEIROS


POSSEIROS
O tempo está sempre
contra nossa vontade.
Quando estamos felizes
ele corre demais;
quando infelizes
ele se lerdeia todo.

Façamos assim então:
- Eu te deixo morar eternamente
na suíte real de meu coração,
e tu, generosa, me concedes
o porão do teu,
onde prometo morar
o resto de minha vida.

Não teremos o tempo
a nos vigiar
e tudo será céu.
(Oswaldo Antônio Begiato)