terça-feira, 30 de setembro de 2008

Homenagem a Luiza Caetano




Homenagem a Luiza Caetano....

Com grande afeto:

por Oscar D'Ambrosio

Luiza Caetano

Portuguesa e universal com certeza

Ela é uma pintora portuguesa com certeza. Seja pela sua história de vida ou pelas telas que cria, Luiza Caetano fascina aqueles que conhecem o seu trabalho, tanto pela versatilidade de temas como pela capacidade de inovar ao enfocar os mais variados aspectos da vida dos saloios lusos, ou seja, aqueles camponeses que vivem nos arredores de Lisboa. No entanto, além desse visível regionalismo, a forma artística de que a artista se vale ao tratar desses temas, dá ao seu trabalho uma profunda dimensão universal.

Nascida na aldeia de Venda do Pinheiro, em Mafra, perto de Lisboa, em 1946, Luiza teve uma infância pobre semelhante a de muitas mulheres da região, habitada por pessoas pouco letradas. No entanto, foi nesse universo que viu imagens que cristalizaria mais tarde em quadros, como Aldeia saloia, Burro saloio ou Festas da minha aldeia.

Luiza, que se define "órfã de pais, filhos e maridos", começou a trabalhar numa usina de tecelagem, como operária, aos 11 anos de idade. Aos 18 anos, mudou para Lisboa. Passou a viver então a rotina de trabalhar durante o dia e estudar à noite. Formou-se assim em Filosofia e começou a escrever poemas e contos, publicando alguns em jornais.

Material para isso não faltava à observadora e inquieta Luiza, que viajou por Ásia, Europa, México e Índias, de avião, de carona, enfim, da forma que conseguia. Nesse período desenvolveu também o amor pela pintura. Começou então a freqüentar exposições e a pensar em desenhar algo, mesmo sem ter cursado qualquer academia de arte, fato que a caracteriza como autêntica naïf.

Em 1988, ocorreu o grande estalo. Luiza comprou pincéis, tintas e telas. "Comecei a borrar tudo quanto me rodeava", conta. O resultado chamou a atenção de um amigo pintor, que levou suas telas para a Galeria de Arte do Casino Estoril, prestigiado espaço português situado num complexo tipo Las Vegas.

Luiza foi aceita no Salão Naïf local, realizado anualmente e considerado um dos melhores da Europa, e começou uma carreira que hoje inclui exposições em Portugal e no exterior, principalmente Espanha, França, Alemanha, Cabo Verde, Bélgica, EUA e Brasil, além de integrar importantes acervos internacionais e de ter participado da fundação em 1989, da Associação de Pintores Primitivos Modernos de Portugal .

Luiza integrou ainda a exposição inaugural do Museu de Arte Primitiva Moderna de Guimarães, em Portugal, com dois quadros bem distintos: um paradisíaco Adão e Eva perante a maça do pecado e uma visão da Ponte 25 de abril com uma cruz inclinada como a abençoar o rio Tejo. Essa pequena intromissão do fantástico na tela dá um charme todo especial ao trabalho de Luiza e a destaca no panorama dos naïfs portugueses.

Premiada pela Embaixada de Portugal em Cabo Verde, em 1996, e no XVII Salão de Arte Naïf, Galeria do casino Estoril, em1997, Luiza não hesita em definir o trabalho que faz. "Pintar representa um escape onde liberto as tensões e o estresse do dia-a-dia, onde cristalizo algumas emoções e recordações. A pintura veio substituir a necessidade que tinha de escrever e, de fato, desde que pinto, não consegui escrever mais poesia ou contos", afirma. Ela até arrisca uma explicação para isso: "Trabalho nos escritórios de uma grande multinacional, a Renault, onde as minhas funções incluem exatamente por passar o dia a escrever."

Entre os pintores que a motivam a seguir em frente com seu ofício de pintora, Luiza destaca Henri Rousseau, o pai dos naïfs; Frida Khalo e Diego Rivera, que já pintou juntos; além do colombiano Botero e da brasileira Tarsila do Amaral. Na poesia, cita Manuel Bandeira, Florbela Espanca, Eugênio de Andrade e Fernando Pessoa, a quem também já retratou ao lado de Charles Chaplin, em frente ao célebre Café Lisboa.

Entre os escritores, há uma interessante preferência pelos grandes mestres do realismo fantástico, como Kafka e Gabriel García Márquez, além do conterrâneo José Saramago. Suas telas, em certo aspecto, às vezes se aproximam dessa tendência, pois, embora partam de situações cotidianas sempre tem algum elemento, por menor que seja, de irrealidade, que atribui alguma simbologia à tela.

Esse recurso se torna mais evidente no tratamento que a artista portuguesa dá às proporções, como ocorre, por exemplo, no quadro O Fado – Homenagem a Amália Rodrigues, em que a grande cantora de fado é mostrada quatro vezes maior do que os espectadores do seu show e os músicos que a acompanham, além das presenças significativas e misteriosas, nos azulejos das paredes da casa de fado, de Santo Antônio de Lisboa e de Fernando Pessoa.

Além das aldeias e cenas saloias já mencionadas, Luiza pinta recantos de Portugal, como Guimarães – Música na Praça da Oliveira e Cegonhas brancas no Castelo de Arraiolos. A história de Portugal também comparece em seus trabalhos, merecendo destaque a tela Festejando o 25 de abril no Pelourinho. Homens, mulheres e crianças dançam e cantam, todos com os tradicionais cravos vermelhos que coroaram a democracia lusa.

Quadros como Partida de Vasco de Gama para a Índia, que exalta o empreendimento marítimo luso, Terras de Vera Cruz, em que as praias brasileiras aparecem como locais paradisíacos, com coqueiros, aves e ondas calmas, e Sermão do Padre Antônio Vieira aos índios do Brasil, marcado pela presença de araras coloridas que contrastam com as velas brancas das caravelas portuguesas, confirmam a preocupação da artista com as raízes portuguesas.

Em outubro último, quando esteve no Brasil para a abertura da exposição Naïfs Portugueses Redescobrem o Brasil, o cônsul da Suíça no Rio de Janeiro pediu que ela pintasse uma tela relativa aos descobrimentos portugueses, com as caravelas chegando ao Brasil, baseado justamente em quadros da artistas sobre essas temática.

Luiza relutou, mas aceitou a tarefa. "É difícil para mim trabalhar por encomenda, mas vou recriar o tema. Gosto muito de desafios ", declarou. Seguramente ela não terá dificuldades, pois em telas como Va, pensiero e Deusas do rio a relação entre embarcações e a água é tratada com simplicidade e toques de criatividade.

O ecletismo dos temas de Luiza assombra pela diversidade. Se as festas populares de Lisboa, no conhecido bairro da Alfama, não podiam faltar numa autêntica pintora lusa, como ocorre em Prece das noivas a Santo Antônio; o universo agrário, quando presente, geralmente também é mostrado em cenas alegres, como Apanhadores de melão ou Apanhando tomate, alem de um coloridíssimo Homem de malmequeres, vendendo suas flores em uma rua no centro do quadro. Ao fundo, centenas de pequenas manchas de diversas tonalidades, indicando os mais variados tipos de plantações.

Há ainda A orgia do vinho, em que homens e mulheres aparecem tocando instrumentos e pisando uvas. Na parte superior do quadro, moinhos de vento dão harmonia à cena e, à direita, um senhor de smoking bebe, imerso em luxo, o resultado do árduo trabalho dos camponeses.

Também há cenas mais românticas, como Namoro, em meio a um campo todo florido, ou uma moça sozinha num campo igualmente paradisíaco, em Malmequer... Bem me quer, mas a força maior de Luiza parece estar justamente na forma original que mostra o cotidiano da vida saloia. As imagens surgem com naturalidade, sem afetação, encantando à primeira vista.

Observar atentamente as telas de Luiza Caetano é um descanso para os olhos. Olhar as imagens que nos oferece constitui não só uma visita a Portugal, mas, acima de tudo, um mergulho num universo de pinceladas precisas e decididas que dão aos seus quadros uma dimensão universal, colocando-a entre as principais expressões da pintura naïf em âmbito mundial, já que, a artista consegue extrair aquilo que há de universal na vida saloia portuguesa

Saibam como nossa querida Luiza Caetano é apreciada e como leva o nome de nossa Pátria por esse mundo afora.
Aqui sempre trarei notícias referentes a essa maravilhosa artista que temos em nossa terra.

Que é Oscar D'Ambrósio
que escreve essa matéria sobre nossa querida Luiza.
Oscar D’Ambrosio é jornalista, crítico de arte e autor de Os pincéis de Deus: vida e obra do pintor naïf Waldomiro de Deus (Editora UNESP).

Luiza Caetano nasceu na Venda do Pinheiro, em Mafra, Portugal. Fez sua primeira exposição em 1988 na Galeria de Arte do Cassino de Estoril, onde até hoje continua a expor. Participou de centenas de exposições em Portugal, Estados Unidos, Alemanha, Eslovênia, Bélgica, França, Espanha e Suíça.

Ganhou o 1º prêmio do Salão Internacional da Galeria do Cassino de Estoril (Portugal, 1996); 1º prêmio do Salão Um Arquipélago de Todas as Cores (Cabo Verde, 1996); menção honrosa no Salão de Arte Naif de Lousa (1994 e 2002); Salão Internacional da Galeria do Cassino de Estoril (Portugal, 1994, 1995, 1996, 1998, 1999, 2001 e 2002); Salão 1º Pré Costa do Estoril (Portugal, 2004). Entre as distinções, recebeu a Medalha da Galeria Alba (Nápoles, Itália, 2001) e o Grau Acadêmica-Associada, Atribuído Pela Academia Internacional de Artes, Letras e Ciências Greci (Marino, Itália, 2002).

De Portugal Com Amor - Pinturas" sublinha a carga afetiva da pintora com o Brasil, através de alguns quadros emblemáticos, como o "Trenzinho Para Pasárgada", no qual Luiza coloca o poeta brasileiro Manuel Bandeira conduzindo o trem numa viagem mítica com Jorge Amado, Zélia Gattai, Fernando Pessoa, José Saramago e até a cantora Maria Bethânia. Outras obras de referência são a "Barca D’Eça" (alusiva ao escritor português Eça de Queiroz) e "Barco Negro" (nome de um dos fados mais conhecidos de Amália Rodrigues, de quem a autora é fã). A mostra conta ainda com alguns trabalhos que Luiza Caetano exibiu ano passado na exposição Portugal em Prosa e Verso no Museu Internacional de Arte Naif do Brasil (Rio).

Segundo os críticos, Luiza Caetano é uma pintora eclética, criativa e inquieta, cujos temas se envolvem quase sempre com suas emoções e paixões. É uma pintora profana que adora pintar Santo Antônio de Lisboa, além das típicas aldeias portuguesas, ou as originais vindimas do Douro.

21 / 10 /2004 - Artista naif portuguesa expõe pela primeira vez em Niterói
RIO DE JANEIRO, Niterói - Considerada uma das principais expressões mundiais da pintura naif, a pintora portuguesa Luiza Caetano expõe pela primeira vez em Niterói, inaugurando quarta-feira (03 de novembro de 2004) a exposição "De Portugal Com Amor - Pinturas", no Centro Cultural Paschoal Carlos Magno, em Icaraí. A mostra reúne cenas cotidianas de camponeses nas cercanias de Lisboa e homenageia os escritores Eça de Queiroz e Manuel Bandeira, a fadista Amália Rodrigues e a Aldeia da Luz, região alentejana hoje submersa. De Portugal Com Amor traz 30 quadros em acrílica sobre tela e pode ser vista diariamente com entrada franca.

"F A D A S"




"F A D A S"

Se,

as fadas
fossem bonecas
de frágil porcelana
incandescentes de luz?

habitassem
a casa privada dos mistérios,

fossem de incenso azul
feitas de leite nupcial
ou
efémeras iridiscências
como borboletas coloridas,

Fossem colírios
de Arco íris
feitas de brisa
e aroma de rosas.

Seriam apenas
e
absurdamente belas
sem a ignota máscara
que as torna
humanamente
maravilhosas.
(LuizaCaetano)


P. S.: Para a bela orkuteana FADA AZUL

LIBERDADE


LIBERDADE

Gritar é proibido?
Façamos então um esgar
um silencioso movimento
na tortura desse momento...
Deixa o nó se desatar,
como o vôo da borboleta
-também podemos voar...
Não me amordaçes o grito
de nervos libertos e gozo
-o céu é o infinito!
Espera-nos o areal,
uma cama de vento e de sal,
um vendaval de emoção,
Um cristal em cada mão!
(LuízaCaetano)





Frida com gato no colo, de Luiza Caetano -
Artforum Mundi Planet & Artforum Brasil XXI

segunda-feira, 29 de setembro de 2008


FRIDA KHALO - FLOR DO MÉXICO, de Luiza Caetano
- Artforum Mundi Planet & Artforum Brasil XXI

" M O R R E R"


" M O R R E R"

Hoje pensei
que morrer seria
esta viagem nupcial aprisionada
entre a esperança e o nada

Uma partida sem regresso
ou uma fantasia
sem cenas acenos de dor

Um coração no interior
de um corpo sem vida
entre camas escamas de vidro

Apenas um grito amordaçado
(LuizaCaetano)

"PALAVRAS"


"P A L A V R A S"
Palavras
são como hinos
feitos poemas!

São emblemas,
estandartes da emoção
todos os dias castradas
pela razão.

Há um silêncio de catedral
em cada palavra
esculpida de riso
e lágrimas
em cada manhã
despenteada pelo vento,

Como se quisessem
acordar o espanto
ferido de sonho
no limiar do sol.

Enquanto elas,
as palavras
doem na fronteira
das limitações
como estilhaços
que se querem quebrar.
(Luiza Caetano)

"HORA DE SILÊNCIO"


"HORA DE SILÊNCIO"

Ah, como eu queria
afundar-me na água dos teus olhos,
na tempestade dos teus beijos,
contigo naufragar
no oceano do amor.

Porque não vens
nesta hora de silêncio
bater à porta do meu ser?

Espero-te
como a noite
deseja a madrugada.

Vem!
enquanto o tempo
não apaga esta chaga!
(LuizaCaetano)

Ardem-me ....


Ardem-me os olhos
da poeira do tempo!
e
a
flor na boca
sem o teu beijo!

Dói-me o escuro da solidão
na expectactiva ensanguentada
de te esperar!


Galgo o abismo
entre as margens distantes
saltando a fronteira
das minhas limitações.

Entretanto,

a emoção é uma
abortada fantasia
cada dia bebida
numa taça de esperança.
(LuizaCaetano)

"SECRETA DEDICAÇÃO"


"SECRETA DEDICAÇÃO"
Beber?
Só posso mesmo beber
com alguém!

Alguém que motivou,
juntou as letras
e amalgamou
as emoções

as fez disparar
para além...

Ai, como eu queria brindar
esse momento
feito de alegrias,
risos e lágrimas!

Feito de dias e dias
esperando pelas esquinas
feridas de saudade,

Ergo a taça
e brindo
a ausência
e
as palavras
feitas poemas
que o vento não levou
(luizacaetano)

PALAVRAS MORDIDAS


PALAVRAS MORDIDAS
Palavras
Incompreendidas
Mordidas uma a uma
Ombro a ombro hesitantes
Na constelação da bruma

A incerteza é uma adaga
De vários gumes

Ferindo o rasto
Dos peixes luminosos
Os marinheiros
Alçam as velas

E as velhas vestidas de negro
Te aguardam
Nas janelas brancas
Cortinadas de vento
(Luiza Caetano)

"UM AMOR COM AMOR"


"UM AMOR COM AMOR"

Quero
uma casa sem portas,
Um espaço sem vento!
Um amor com amor!

Quero,
Um rumor de água
por perto,
iluminando o teu corpo
aberto como um barco.

Quero
um cais ou um porto
onde as gaivotas
se percam
e
as andorinhas
secretamente
nos avisem
que a Primavera chegou.
(luizacaetano)

"MEU AMOR"


"MEU AMOR"

Sempre andei dentro de ti
como uma vida germinando,
uma semente
ou
um pequeno barco te sulcando.

Sempre te pressenti
como ressonância e rumor
suspenso em cada gesto.

Foste sempre
a gota de orvalho
em cada dia,
a alegria e o estertor
de cada morte.

A chuva anunciada
no horizonte.

A Paz !
A guerra
e a morte!

Minha sede!
Minha água!
Minha fonte!

Meu Amor!
(LuizaCaetano)

"E R Ó T I C A M E N T E"


"E R Ó T I C A M E N T E"

Amo a carne das palavras
na luxúria de cada verbo,

No Phalo sonoro da sua voz!
Na sua erecta presença!
Na masturbação da ausência!

Faço amor com elas!
Violo - as, eróticamente
até ao cerne dos silêncios.
(luizacaetano)

"ETERNA DÚVIDA"


"ETERNA DÚVIDA"

"Não sei se voltarei
a olhar o espelho dos teus olhos,
não sei...

Nem se o fogo espesso do Verão
no seu breve leito de Sol
de novo libertará
o equinócio do meu desejo.

Não sei se foi magia ou emoção
uma ferida aberta em punhal,
Um cristal ou uma explosão,

Uma púrpura secreta
ou um néctar proíbido
Não sei...

Talvez uma fantasia,
uma frágil e breve
alegria ou um
cristal de chuva
em águas anoitecidas."
(Poeta LuizaCaetano.)

"ORAÇÃO DA TARDE"


"ORAÇÃO DA TARDE"

Há um rio no meu corpo
navegado entre margens,
uma ponte de fogo
sangrando meus lábios.
Uma prece! um altar
entre a inocência e o pecado
Uma Primavera mordida pelo Sol
Uma ilha perdida
Uma Luz ! Um raio! Um farol!
Uma flor de sonho à flor da vida!
Um cristal de dor da cor da saudade!
Um momento de adeus!
Uma eternidade.

LAÇOS E BARCOS
(by LuizaCaetano)

"SAUDADES"


"S A U D A D E S"
Guardo
nas minhas mãos
o súbito calor das tuas,

A magia
desse olhar
perdido no meu!

O cálice
da tua boca
bebendo na minha,

o cristal
das tuas palavras
no Céu do meu sonhar,

Guardo,
ciosamente
Meu Amor,
cada momento
feito de tudos
e de nadas
de risos e de espanto

Bebo
a espuma da saudade
e o pranto

Todos os dias
de te lembrar...

Todos os dias!
(luizacaetano)

AMOR


AMOR
O amor
não se esmola,
não se dá,
muito menos se vende!
O amor,
Jamais se ajoelha!
Simplesmente
acontece
feito centelha,
secreto e súbito
como uma prece
no altar da vida.
(LuízaCaetano)

" O VOO DA ÁGUIA"

" O VOO DA ÁGUIA"

Olha essa passarada
no céu da minha alvorada

Negros pássaros amargos
sem horizontes libertos
magoados pela inveja
da liberdade da águia

são corvos disputando
nas margens de cada regato
como urubus famintos

Corvos negros de voo rasante
invejando as estrelas
na sua cadência brilhante


Coxos da alma, esmolantes
famintos e deturpados

Como vendilhões do templo
mascarados de razão

Eles não sabem
nem sonham
que a verdadeira emoção

está
na liberdade de voar...

Plenamente!
(luizacaetano)

"CANTO CHÃO"


"CANTO CHÃO"

Sou o chão
da tua raíz!

Não me pises
meu amor!

Sou o tronco
dos teus abraços!

Não os deixes cair
por favor!!

Sou o lenço
das tuas pétalas

não despedaçes a flor!

Sou a noite!
sou o dia!
sou um chão
de terra fria!

Sou o mel!
sou o fel!
Sou o sabor dos teus beijos

Uma rosa perdida
no jardim dos teus sentidos

Sou um gesto por definir
na baínha dos desejos."
(LuizaCaetano)

"ELEGIA DO TEMPO"


"ELEGIA DO TEMPO"

Tanta emoção assassinada!
no calendário aonde
o meu tempo subitamente
se encolhe
nas raízes envenenadas
que crescem em minhas mãos?

e
o tempo não me devolve
o rosto daquela Primavera
de jasmins em floração

Nem as cartas, nem os encontros
nem os cabelos revoltos
que a minha ternura penteava

Nem o fulgor do trigo
onde me contavas segredos

Tanta emoção assassinada
por entre túneis e mêdos
onde os pássaros
ainda se aventuram a voar
(Luizacaetano)