DESERTO DE POETA
Vil deserto invade a alma do poeta,
Que sedento da palavra que liberta,
Que sedento da palavra que liberta,
Busca o verso, ansioso, em desvario.
Mas a mente, mergulhada no vazio,
Queda surda aos apelos e, sem clemência,
Silencia as estrofes da indulgência.
Por onde andará o doce amor
Que em versos de alegria ou de tristeza,
Tantas vezes o poeta decantou?
Onde está a nostalgia da saudade
Que apertando o seu peito, sem piedade,
Fez os versos que o poeta declamou?
Na aridez, sucumbindo o seu cantar,
Das estrelas, já nem ouve o sussurrar,
O luar... faz-se, apenas, luz discreta...
Não encontra o que lhe dê qualquer guarida.
Olha, então, a sua volta, não há vida.
Sem seus versos, morre, aos poucos, o poeta.
(Lêda Mello)
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