domingo, 6 de dezembro de 2009

Rosy Moreira


Rosy Moreira, natural de Caçapava do Sul/RS, divorciada, tem um filho, trabalha na área financeira no ramo da metalurgia, seu hobby é ler,escrever,malhar,dançar,curtir minha casa, etc.

Nasceu lá distante, numa casa volteada de morros, ao sul do Brasil. Desde pequena, seu pequeno coração já batia grande. E desde cedo, rabiscava sentimentos. E hoje, seus parceiros poetas, têm ajudado a poli-los, diariamente, com incentivos. E os dedico a cada um que, de uma forma ou de outra, ao lerem, possam também ser tocados por eles.

Endereços:
Seu Blog pessoal:
http://rosysimplesmente-metamorfosesdaalma.blogspot.com/

Revista Portal Antônio Poeta:
http://antoniopoeta.blogspot.com/

SAUDADE


SAUDADE

Pensando melhor,
a saudade é mais do que é,
e esconde a identidade.

Pastora sem nome,
é de nuvens seu rebanho de lembranças,
e ilimitado seu tempo sem rima.

Habita em meu corpo
como um país emprestado,
e nas suas mãos aparentemente vazias,
traz de presente a clandestinidade dos sentimentos.

Divide e confunde meu equilíbrio,
quando abraço inutilmente
essa metade silenciosa que está aqui,e não a tenho.

Andamos lado a lado.
Medos e amores apertando o peito,
sem culpas nem culpados.

A lágrima livre e verdadeira
rebentando quente num campo aberto,
de quem não se envergonha do que sente.
(Rosy Moreira)

CASCA


CASCA

A poesia vem em sal,
vem em vento, em grito de águia,
dissolvida em gota suave, neste mar de muitos segredos.

A poesia é sol submerso com riscos de saudade,
quando a noite lavra sua terra devagar,
e planta as horas da fria madrugada.

A poesia é como eu:
Ora doce...ora amarga.

A cada sorriso ou dor
ela reforça sua casca,
criando sua própria resistência.
(Rosy Moreira)

ENLACE


ENLACE

Amigo...
com você não tenho pressa de sair às ruas.

Ando despreocupadamente.
Porque você varre da minha alma o desassossego,
e me enlaça feito rara brotação,
que insiste em renascer no deserto.

No nosso coração tudo é permitido.

Deixemos que a vida se derrame lentamente
em ingenuidade dos sãos de espírito.
Na ternura doce dos afetos.
No milagre da fé.

Podemos rir com o desespero,
derramar lágrimas com a felicidade,
e inaugurar um novo momento com uma prece.

Pois há um divino templo em nosso interior
...de portas abertas.

Amigo...
somos um emaranhado de poesia em limo,
germinada do fundo de benditas raízes,
vindo à tona em forma de flor.

...com um doce perfume pacificador de almas.
(Rosy Moreira)

MEU ENDEREÇO


MEU ENDEREÇO

Conheça-me.
Acorde o silêncio que dorme
em todos os meus cantos.

Conte-me uma nova história,
entoe uma rara melodia,
canto doce a embalar,
e me encante.

Encontre-me
na noite que acorda em meus olhos.
Ela roda sonolenta,
pois são muitos os que sonharam nela.

Sinta-me.
Nesse pouco tempo,
nessas curtas horas,
nesses vãos momentos
em que me tens aberta ao vento.

Leia-me.
Sou feita de versos e reversos,
como gotas de orvalho prestes a congelar.

Decifra-me.
Meu lado esquerdo e direito.
O que dorme em mim,
o que não mais me cabe,
e dá voz aos meus anseios.

Parta-me ao meio.
Descubra meu endereço.
(Rosy Moreira)

INFÂNCIA


INFÂNCIA

Adormece em mim
lembranças vivas de uma linda infância.

Um inverno retalhado de azul céu,
felicidade tenra de criança,
e o pensamento à toa,
como pipa voando pelos ares coloridos.

Atravesso a noite
de mãos entrelaçadas com a lembrança,
onde a madrugada escondida chama pela manhã,
fazendo da vida um tempo de brincadeiras.

Como posseiro ,aquele tempo invadiu meu peito já adormecido.

Sigo saboreando a brisa de lírios,
despedaçando uma página de amor em brasa.

Procurando os nós que abrem
e desatam todas as flores,
na tela parada do ar.

Desenhada na memória,
uma longa primavera
com seu sol possível ,e seu perfume inevitável.

Eu e a infância somos um só e longo canto.
Brotam em nossas entranhas, verdes desejos de menina,
com delírios inocentes de ser tudo e nada ser.

Nosso alvo chama-se alegria.
(Rosy Moreira)

VENTO SUL


VENTO SUL

Ontem à noite
o vento sul soprou sem dó nem piedade.

A menina encolheu-se
numa colcha retalhada de tristeza.

Parecia minha sua solidão.

Ela aninhou-se sem esperanças no nada,
como árvore nua abraçando o frio
que lhe foi imposto.

O que a aguarda é uma sede desenhada em sonho só,
de uma infância em primavera
e um calor imaginado.
(Rosy Moreira)

ENTRE O SONO E O SORRISO


ENTRE O SONO E O SORRISO

Gosto do seu olhar de vida amanhecida,
estampado em brilhos de mel e mar,
recém despertado entre o sono e o sorriso.

Provo seu aroma
de ervas silvestres dos quintais do tempo,
e o gosto de fruta madura extraído de sua boca.

Os desejos contidos emergem à superfície,
banhados de cristalina poesia.

Vou soltar as amarras do porto
e ancorar docemente em suas águas calmas.
(Rosy Moreira)

LENDA


LENDA

Amo esse olhar de bem-me-quer.
florido sobre o meu olhar,
onde enormes margaridas se deitam e espiam.

Olhos,mãos e pensamentos acasalados
saem às ruas esparramando-se nos muros,
plantando amor na fria madrugada.

Colorem o que já é colorido,
num tempo novo que se abre em pétalas,
...brotado à ventania.

...e o momento se faz lenda.
(Rosy Moreira)

ALADA


ALADA

Deixe-me voar.
Alada ao vento
no gesto e no silêncio.

Não quero ser
só uma silhueta humana,
quase sem contornos na neblina.

Quero ser alada,
a mover-me esquecida com a vida,
na cena bem-traçada dessa luz.
(Rosy Moreira)

DOCE PÁSSARO


DOCE PÁSSARO

Doce pássaro
que vem do espaço,
corta as nuvens o céu o vento,
e se aninha em plumas sobre mim.

Envolve meu corpo de mar bravio.
Outras vezes...doces águas.

Beija minha boca
de poesia sobre os lábios.
Mistura-me inteira
nesse sentimento derramado.

Depois desse enlace,
fica entalhado um desejo em brasa,
deixando febril meu olhar sereno.

E esse inevitável tremor nas mãos
não mais será de medo,
mas tão somente de emoção.

A cada vôo...parece-me que tudo se renova.

E nessas horas aladas,
esqueço o passado
neste teu abraço tão presente.
(Rosy Moreira)

FEMEAMENTE


FEMEAMENTE

Tão bom sentir-te à praia do meu corpo.

Estendendo-te ao sul,
transparente e leve feito colcha de luar,
na distância sem fim dos oceanos.

Vens nas vontades do vento,
como poesia pousada à terra,
rasgando com o olhar,o colo dos meus desejos.

Atravessa as águas salgadas dos meus poros,
explorando meu corpo aberto em concha.

Entorna em minha boca as tuas vontades.

Na nudez de minha pureza,
femeamente
...eu te recebo.
(Rosy Moreira)

DEPENDENTE


DEPENDENTE

Meu coração de cama,acelera e sangra.

Mãos suadas
buscam em devaneios,
lábios que não são os meus.

Uma febre
mergulhada em chamas
me incendeia.

Vivo um quebranto de amor e dor,
presa aos seus detalhes.

O que me põe febril
é o remédio do seu corpo,
que há muito não provo.

Do qual ainda quimio-dependo.
(Rosy Moreira)