Fonte: Blog Jardim dos Sonetos: http://jedefatima.blogspot.com/
Amigo Jenário
Esta é uma singela homenagem ao meu poeta amigo.
Graciela
RASTROS
Deixamos belas pegadas na areia.
De nossa andança sinuosa e vaga.
Porém a maré que os olhos tonteia
No vai e vem da onda tudo se alaga.
Na vida,quando o amor nos incedeia,
Quando sua chama ergue e se propaga
Nele, ao redor dele tudo se baseia,
Tudo ao redor dele unge e se consagra.
Mas se este amor não vê por onde pisa,
Qual o chão que segue os seus leves passos.
Ao lembrar da praia algo nos avisa;
-Olhe vá com calma em suas andanças,
Este amor que agora alegra seus traços,
Breve lhe trará só tristes lembranças
(Jenário de Fátima)
COISAS DE PELE
Coisas de pele, coisas de desejo.
Coisa de corpos nus entrelaçados.
Coisas olhares tortos, revirados.
Coisas de língua muito alem do beijo.
Coisas de êxtase, se puxar cabelos.
Coisas de músculos empedrejados.
Coisas de seios rijos excitados.
Coisas de líquido encharcando pêlos.
Coisas de química, coisas de entrega.
Coisas de coxas que de tanto esfrega
Chega-se ao ápice de uma forma insana.
E após o gozo, vai-se alegremente,
Dentre os gametas quem chegar a frente
Perpetuar o dom da raça humana.
(Jenário de Fátima)
MESMA MOEDA
Nunca diga um "eu te amo" sem amar.
Nunca diga expresse um "eu te quero", sem querer
Nunca fale um "eu te gosto", sem gostar
Nunca queira amor dar, sem amor ter.
Amor não é coisa para se brincar,
Pra se divertir ou se entreter,
As marcas que um amor pode deixar
Perduram pelos anos sem morrer.
Ao se brincar com sentimento alheio,
E se fazer cair choro inovente
A vida traz em seu bojo, seu meio
Histórias de revanche e de castigo,
O que fazes a um outro certamente.
Alguém um dia irá fazer contigo.
(Jenário de Fátima)
DELÍRIO
De onde será que vem amor, a chama,
Que queima dentro em nós tanto desejo?
Que passa além da língua, além do beijo,
Até manchar lençóis de nossa cama...
E quando amor, o fogo nos inflama,
Embora eu abra os olhos, nada vejo.
Meu mundo se resume num lampejo,
De uma boca que geme...lambe...mama...
Porém, o que eu mais gosto entre nós dois
É o que se tenta achar, logo depois.
Depois que o gozo vem, que a transa finda
Parece que das carnes saciadas
Revoam as almas entrelaçadas,
Tentando encontrar-se mais ainda.
(Jenário de Fátima)
DESEJO
Quero estar bem junto a ti, a qualquer hora
Não importa a quilometragem e a distância
Pra saciar a minha sede, a minha ânsia
de ter-te enfim, comigo, aqui e agora.
Todo este tédio, o meu céu descolore
E talvez seja a falta da tua presença
Porém me fica a esperança,fica a crença,
De ter-te, um dia, mesmo que demore.
Quero tua boca, o teu corpo e o teu beijo.
Pra saciar a minha fome de desejo
E apagar este fogo que me inflama.
Depois do gozo, acariciar tua pele nua
E nem me importar, se com ciúme, a lua
Vier deitar junto de nós, na mesma cama.
(Jenário de Fátima)
DEPENDÊNCIA
Meu coração é igual grande deserto.
Que tanto faz calor, tanto faz frio
Que tanto esta fechado ou tanto aberto
Que tanto esta amável ou está bravio
Ele ora esta distante, ora esta perto
Ele ora esta constante ora erradio
Ele ora esta confuso, ora esta certo
Ele ora se transborda, ou esta vazio
Em meio a todas metamorfoses.
Meu coração se acalma ou se agita,
Como doente a depender de doses.
De doses de alegrias e tristezas.
Doses de convicções e incertezas.
Daquela que lhe mora...Que lhe habita.
(Jenário de Fátima)
ESTAÇÕES
E roda o tempo suas quatro estações.
Se cai folhas no outono, a primavera
Borda em cor o campo, tudo recupera
Trazendo, aos olhos, flores e emoções.
Se o inverno é rigoroso aos corações,
A ansiedade ronda, bate, espera
As luzes que anunciam a quimera
Quando, brilhante sol, faz-se os verões.
E, como nas estações, se faz a vida.
Mas, será vale só guardar comida
Como a Formiga faz, sempre estocando?
Ou viver assim feito uma Cigarra
Que canta e canta, e no cantar se agarra
Ao ponto de, ao morrer, morrer cantando?
(Jenário de Fátima)
SERÁ?
Florbela, eras Poeta ou uma Adivinha?
Como é que conseguiste a tempo tanto,
Com rimas, com lirismo e com encanto
Trazer em seus sonetos coisas minhas?
Que dom sagrado este que tu tinhas?
De marear os olhos ,quase pranto
Quando descubro ali, cheio de espanto
Minha vida toda escrita em suas linhas?
O amor que tanto quis e nunca veio,
O mundo como vejo, como creio
Meus medos, minha vida fracassada...
Florbela, tu escreveste tudo, tudo
Que as vezes, eu lá bem fundo me iludo...
...Quem sabe eu sou você reencarnada?
(Jenário de Fátima)
ACASO
Acaso se um dia,amor,voltares
Meu coração te aguarda em porta aberta
Nada mudou pra mim,esteja certa
Aguardo os leves sons de teus pisares
Há tantas andorinhas pelos ares,
Mas no vazio da manhã deserta
Uma tristeza enorme vem,me aperta
Se direciono a elas,meus olhares
Enquanto a recordar fico,teu jeito
Sinto leve arrepio,e num balouço
Meu coração saltita,bate o peito
Refém dessa lembrança que o consome
E nisso lá bem longe,muito longe
A voz do vento vem gritar seu nome.
(Jenário de Fátima)
ADORÁVEL NOITE
Adorável noite que me persegue
Me chama, me fascina, me tonteia
Por sobre a lua clara, vem ondeia
E deixa-me em claridade tão entregue..
O brilho do teu olhar me encanta
Dá sempre uma volta, volta e meia
E a Lua, feito o Sol, queima, bronzeia
Minh'alma ora profana ora santa.
O sangue sobe a minha garganta
E o vento bate leve em meus cabelos
E a sede de viver que sinto é tanta.
Que a liberdade me apossa inteira...
E se enrosca por entre meus pêlos
Como o amor é feito pela vez primeira.
(Jenário de Fátima)
*Segundo o próprio poeta, este soneto não foi feito para ninguém em especial,embora algumas pessoas se apossem dele.
DEPOIS DO AMOR
Depois do amor minha Poeta dorme.
Respiracão calma e tão profunda.
O quarto e feito de uma paz enorme
Enquanto a paz meu coração inunda.
E eu fico ali a somente analisá-la.
Meu braço firme seu corpo circunda
Me aconchego, aperto sua bunda
Preocupado em não acordá-la.
Depois aliso calmo seus cabelos,
Meus dedos atrevidos vão aos pelos
Pois sei que ali eles se sentem bem.
E nesta espécie de pura magia.
Extenuado em meio a fantasia.
Dentro em breve vou dormir também.
(Jenário de Fátima)
SENTENÇA.
Tudo que fizemos, fazemos e faremos.
As coisas de grandes e de pequenas montas.
As coisas que lembramos e as que esquecemos.
Haverão de cobrar-nos, pra acertar-se as contas.
Não haverá de mais e nem tampouco de menos,
Das nossas injúrias e das nossas afrontas,
Das nossas infâmias e dos nossos venenos.
...De nada se aumenta,...de nada se desconta!
E diante do maior de todos os juízes,
Sem que se hajam erros, enganos ou deslizes,
Tudo será revisto, medido e pesado.
E quem passou a vida, vantagem tendo em tudo,
Ouvira nesta hora, bem cabisbaixo e mudo,
Um duro veredicto o acusar;- Culpado!
(Jenário de Fátima)
ENTRE O SONHO E O AMOR
Quem nunca teve um grande amor é certo.
Quem não viveu na vida a plenitude
nem percorreu um mundo em que se ilude
em ver o céu imensamente perto.
Nunca sentiu assim também de certo
na noite quando tudo é quietude,
a face a demonstrar como amiúde
as linhas de um sorriso semi-aberto.
Ah!...O verdadeiro amor quando acontece
todos os sonhos tambem junto ocorrem.
E o mundo inteiro fica e se parece
Como uma flor de esplendoroso viço.
Pena que muitos nascem,crescem,morrem.
Sem que na vida experimentem isso.
(Jenário de Fátima)
UM BEIJO
Me dê um beijo amor, tou esperando.
Mas não demore muito, sinto falta.
E se estou assim, algo me assalta
Como a angústia que me vem tomando.
Se voce chega, eu calmamente ando
Na sua direção e ai voce se solta.
Dá meio passo, brinca a minha volta
E qual beija-flor, se exibe dançando...
Vamos assim pra um lugar qualquer.
Um lugar em que haja o que houver
Sempre revoam anjos em alvoroço.
Então se quebra cercas e cai muros
Mergulhamos os dois num lugar seguro
Em brancas águas de encantado poço.
(Jenário de Fátima)
MEL
Vou roubar seu beijo, ora se vou!
Quero ficar com ele guardadinho...
Prá nestas horas que me achar sozinho
Lembrar do gosto com o qual me beijou.
Talvez até pareça, mas não sou
Alguém que viva sem o seu carinho
E vou ficando emburrado, de beicinho
Quando perto de tí não mais estou...
Este versos são simples, e dai?
Na mesma intenção que os escrevi
Também se faz crescer o meu desejo...
De ter de novo aquela coisa doce
que quando eu provei julguei que fosse
Um mel vindo na lingua de teu beijo...
(Jenário de Fátima)
VALE A PENA
Eu amo um alguém que nem sequer me olha,
Que não se importa ao que se dá comigo.
Sou feito a flor que o vento mau desfolha
E vai cair na laje de um jazigo.
Sou qual perfume que só se desrolha,
Pra relembrar-se de um amor antigo,
Sou a gotícula que a terra molha,
E some em terra como por castigo.
Mas mesmo assim, dentro em mim existe
Um anjo que não chora ou se apequena.
Se não me alegro, também não sou triste
Não trago voz que julga, que condena
Pois lá no fundo, algo me diz, insiste
Que o amor por mais que doa, vale a pena!
(Jenário de Fátima)
VISÕES
“ora direis, ouvir estrelas" (Olavo Bilac)
No céu pintado em carbono-grafite,
Pela fumaça vinda da olaria.
A lua chega lerda... tisica... fria...
Como lá na gruta uma estalagmite.
E meu olhar atento tudo assiste.
O desenrolar da cena que cria.
Uma atmosfera de ampla letargia.
Deixando a noite imensamente triste.
A noite avança... a fábrica pára...
Esvai-se a fumaça como por encanto
Já não há mais nuvens pela noite clara.
Indica plenilunio as folhas do Almanaque.
Das estrelas tento ouvir o canto
Porém eu não tenho o dom de Bilac.
(Jenário de Fátima)
PRIMAVERA
É primavera, estação das cores
No solo antes tão esturricado
A Natureza ensaia seus bordados
Com colorido de diversas flores
E feito a dança leve dos amores
Os ramos vão surgindo entrelaçados
Como se entrelaçam enamorados
Quando estão entre os cobertores
Amor-Perfeito e só reflexão
Ela foi dedicada a deusa Minerva
Símbolo do amor do coração
Por ser flor resistente e colorida
Ainda dentre seu âmago conserva
Todo o fascínio de que é feita a vida
(Graciela da Cunha e Jenário de Fátima)
PELE
Quero tocar sua pele ter seus beijos
E seus mistérios todos desbravar
Acender em mim novos desejos
Me perder em você , pra me achar
Preciso de você assim como do ar
Te quero em meio a minha essência
Perder de vez meu resto de inocência
E meu corpo inteiro te doar
Meu amor sonho tanto contigo
Quero teu corpo para meu abrigo
E enquanto penso, me acende a chama.
Esta coisa louca que me excita
Esta coisa de deixar minh'alma aflita
Vendo teu corpo nu na minha cama
(Graciela da Cunha e Jenário de Fátima)
AMANDO
Este brilho profundo do teu olhar
E esta impressionante paz interior
Descobrindo a simbiose de se doar
Em qualquer canto, seja ele qual for
Estes beijos loucos que fazem voar
Como um arco-íris de infinda cor
E este meu desejo de me entregar
Na hora sublime de fazer amor
Buscar nos delírios a razão da vida.
Pele, tato, carne a beira da loucura
E nesta paixão assim tão descabida
O teu corpo é a minha realização
Somos tão apenas como dois meninos
Que a vida deu-nos a doce ventura
De unir as almas em um só destino
Viajando um sonho sensual...
(Graciela da Cunha e Jenário de Fátima)
FANTASIAS
Desnude-me de preconceitos
Realize minhas fantasias
Explore os meus trejeitos
Neste corpo que te ansia
Me banhe em seu erotismo
Me faça sentir amada
Me morda na madrugada
Com teu mais puro cinismo
Apague meu fogo imenso
Pois só assim me convenço
Que o calor desta chama
Só se apaga, só se aquieta
Quando minhálma poeta
Se une a tua...na cama
(Jenário de Fátima e Graciela da Cunha)
NÓS DOIS
Inicio da refrega, em luta de amor
Meu olhar em êxtase, vira e revira
Minha pele ardente em suor respira
Meus pêlos eriçam em tanto calor
Rijos mamilos furam o cobertor
Minha pele molhada, tremula, delira
Meu corpo ofegante, ondeia e gira
Enquanto o quarto se inunda de cor.
Apenas te amo. Te amo apenas
Se as horas se fazem assim tão pequenas
Não quero eu fique nada pra depois.
Mas vem o Orgasmo e parece que tudo
Que existe no mundo torna-se tão mudo
E nada mais existe alem de nós dois
(Jenário de Fátima e Graciela da Cunha)
ÊXTASE
Teu corpo solto em meu leito
Abandonada ao êxtase de estar
Num fogo que me arde o peito
Querendo só te apossar
Espasmos nos quais me deito
De não querer me abrandar
Um jogo em que sempre aceito
Me perder, pra te ganhar...
Anda... me arraste pra cama
Me abranda o calor da chama
Que me devora por dentro
E depois do prazer, só deixe
Que meus neurônios se enfeixem
No verso simples que invento
(Graciela da Cunha e Jenário de Fátima)
MEU SONHO
Sonhei com você, lindo e perfumado
Toques sutis em requintados gestos
E o nosso amor feito e consumado
Deixando manchas nos lençóis modestos
Lá fora a aurora em tons delicados
Tinha da noite apenas os teus restos
Os corações em tons descompassados
Mudavam o lado, parecendo destros
Mas acordei, na minha cama vazia
Tudo tão somente apenas parecia
Vestígios de lembranças e saudade.
Te quero tanto, que tanto te quero
Que sonho sempre e neste sonho espero
Que aquilo um sim, seja verdade.
(Graciela da Cunha e Jenario de Fátima)
SONHO
Sonho acordada... imagino a todo instante
No alto a lua a nos guiar feito lanterna.
Tento dormir... mas não há sono bastante
Parece ate que minha noite é sempre eterna.
Estrelas piscam como uma Roda Gigante.
Ou feito aqueles vagalumes na caverna
Eu sem voce, meu doce amado amante
E a saudade que em meu pobre peito hiberna
Na voz do vento ouço apenas sua voz
Preparo a cama, a mesma cama em que nós
Tivemos o gosto de um amor que foi tão belo
Resta-me agora tão somente uma saudade
Espero o Sol, mas mesmo em sua claridade
Ainda sonho em ser fada em seu castelo.
(Graciela da Cunha e Jenario de Fátima)
CORPOS ARDENTES
Mãos que se misturam em corpos ardentes
descortinando desejos e mil anseios
Bocas se misturam a músculos e seios
E o coração pulsando em forma latente
E se os lençois da cama vimos a frente.
Na hora da entrega, sem culpa ou anseios
Nos dois, como loucos, buscamos meios
Onde nós nos damos por completamente
Mas depois do amor, corpos extenuados
Corações batendo, mansos compassados
Pouco importa aquilo que se dá la fora,
De uma relação que é mansidão e calma
Restam de nos dois as nossas duas almas,
A vaguear juntinhas pelo mundo afora.
(Graciela da Cunha e Jenario de Fátima)