quarta-feira, 9 de abril de 2008

A CASACA


Para a ópera cómica da tua beleza sem costura
para a sessão solene do teu perfil sem emenda
para a valsa de tule que atas à cintura
para o convite impresso nos teus olhos renda.
Para a cauda avestruz do teu andar vereda
o decote intenção da tua voz agulha
recorto este poema num papel de seda
cereja de cicuta que o teu sorriso embrulha.
Para o mistério ar do teu nariz begónia
o florete violino do teu silêncio esgrima
alugo as minhas frases de cerimónia
num dicionário dédalo de rimas.
(José Carlos Ary dos Santos)

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