domingo, 27 de janeiro de 2008

TALVEZ UMA MANHÃ

Talvez uma manhã andando num ar de vidro,
árida, voltando-me, verei cumprir-se
o milagre:
o nada às minhas costas, detrás de mim o vazio
com um terror de bêbedo.
Depois como numa tela, acamparão
de um jato árvores casas colinas para a ilusão
costumeira. Mas será tarde;
e eu partirei calado
entre os homens que não se voltam,
com o meu segredo.
(Eugenio Montale - Itália)
(1.896-1.981)

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