terça-feira, 29 de janeiro de 2008

GINNA GAIOTTI

Desejo de Regresso


Deixai-me nascer de novo,
nunca mais em terra estranha,
mas no meio do meu povo,
com meu céu, minha montanha,
meu mar e minha família.


E que na minha memória
fique esta vida bem viva,
para contar minha história
de mendiga e de cativa
e meus suspiros de exílio.


Porque há doçura e beleza
na amargura atravessada,
e eu quero memória acesa
depois da angústia apagada.
Com que afeição me remiro!


Marinheiro de regresso
com seu barco posto a fundo,
ás vezes quase me esqueço
que foi verdade neste mundo.
(Ou talvez fosse mentira...)
(Cecília Meireles)

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