Nós, os outros, habitamos a textura
aquosa e impura da cidade adormecida
quando o negro nela se abate
Nós, os outros, abrigamos o frio
nos jornais remexidos,
aninhados no vazio dos recantos
que o cimento e a pedra calam
Somos gente sem nome nem destino
em tempo indeterminado;
andarilhos na mão que se estende,
vestidos de invisibilidade
Nós, os outros, também sonhamos
a metáfora ténue dos papeis gastos,
da vida a essência dos dias plenos
entre a existência dos muros lentos
levantados pela hibridez da hora em viragem
Assim caminhamos o esquecimento
sob a trama da luz baça da cidade
(Poema da Amita in Branco e Preto)
0 comentários:
Postar um comentário