domingo, 27 de janeiro de 2008

Eu

Eu sou a que no mundo anda perdida
Eu sou a que na vida não tem nortes
ou a irmã do sonho, e desta sorte
Sou a crucificada... a dolorida...

Sombra de nèvoa tênue e esmaecida
E que o destino amargo, triste e forte,
Impele brutalmente para a morte
Alma de luto sempre incompreendida.

Sou aquela que passa e ninguém vê...
Sou a que chamam triste sem o ser...
sou a que chora sem saber por quê...

Sou talvez a visão que alguém sonhou.
Alguém que veio ao mundo pra me ver
E que nunca na vida me encontrou
(Florbela Espanca)

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