sábado, 17 de maio de 2008

Carlos de Oliveira


CHAVE
Se uma película de vidro
Adere à pele da pedra; se algum
Vento vier.
Afere-lhe o esplendor; martela,
fere: um som de ferro
no exterior; por dentro
outra textura mais espessa. Poisa
como um veniz depois o ar
suave a sua
laca no esmalte fracturado.
E levanta-se então.
Minuciosamente. Ergueu-se
o halo
das colinas; a lenta beleza
levitada em cada grão
de pedra. Irradiando as lanças
que o brilho do vento
restituiu à luz, no aro
mais espesso do ar.
Rodar a chave do poema
e fecharmo-nos no seu fulgor
por sobre o vale glaciar. Reler
o frio recordado.
-Carlos de Oliveira-

0 comentários: