segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

O MEU CANTO

Eu canto porque sou voz,
cantor só e sem ter fãs.
E também que sou feroz:
eu canto para as manhãs.



Canto como quem respira:
sem fronteiras ou amarras.
Canto como quem suspira,
eu canto como as cigarras.


Canto com o amor à vida
e aquilo que dela é bom.
Se morrer, canta essa amiga,
mesmo que fora do tom.


Eu canto a palavra esperta,
aquela que vai sem rima.
Eu canto essa flecha certa,
que a nós derruba e anima.


Eu canto sem pejo algum,
como quem se sabe nua.
E canto o lugar-comum,
do alto da estrela crua.


Eu canto esse desespero,
esse mar, essa agonia.
Eu canto esse teu desdém,
refém da melancolia.
(Lílian Maial)

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