sábado, 23 de fevereiro de 2008

Ver de coração


Sim
e por quê não?
Estou envelhecendo.
Mais de meio século
uma boa avançada.
A marca
é a prata nos cabelos
que ainda teimo,
em por enquanto,
disfarçá-los.
No rosto, paisagem menina
E marcas de sentimentos.
Sofrimentos.
Amei, amei, amei.
Se fui amada,
até hoje não sei.
Árvore, não plantei.
Plantei dois filhose hoje colho um neto,
delicioso como um jambo.
Desatei-me de um laço
que me apertava
E não me sinto só.
Penso na velhice, tão ali.
Talvez a próxima esquina.
Toda casa pequena
para mim é grande.
Pois meus filhos correm
de casa
e não pela casa.
Os amores agora, são outros.
Abraços n'outros,
beijos n'outros
alegria com outros.
Companhia de outros.
Ah, isso sim, me faz em paz.
Mas meu prazer é
essa fábrica de palavras
que vestem sentimentos
de um longo caminho
de um verde coração.
(Zilma Damasceno)

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