CUIDO DE TI
Nas noites de penumbras,
Nas madrugadas pecaminosas.
Cães negros latem em minh'alma.
Navalhas na carne, sangue carmezim.
Penso em mim, penso em ti.
Estou no seu corpo, está dentro do meu.
Não tenho meio de ter medo do fim.
Amo o agora, velo por voce, vejo flores
Brotarem amenas, em sua pele.
Pelas horas mais altas,
Pelos espaços menores.
Quero que encarcere.
Me ame, dilacere
Amor de jade
Uma cela de vinil.
Eu cuido de ti,
Neste chegante abril.
Abri as compotas do sentimento,
Dei vazão a todo carinho retido,
Retalhei a dor em fatias,
As dei aos passáros famintos,
Mesmo que morra,
O dia não apareça,
A hora corra,
Ainda que não mereça,
Deixe que o vento cante,
Agonize o último navio,
Apague derradeiro pavio,
Ainda assim; encante.
Flor de liz
Cuido de ti!...
(Gustavo Drummond)
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