Ah, e dizer que isto vai acabar,
que por si mesmo não pode durar.
Não, ela não está se referindo ao fogo,
refere-se ao que sente.
O que sente nunca dura, o que sente sempre
acaba,
e pode nunca mais voltar.
Encarniça-se então sobre o momento,
come-lhe o fogo, e o fogo doce arde, arde,
flameja.
Então, ela que sabe que tudo vai acabar,
pega a mão livre do homem, e ao prendê-la
nas suas,
ela doce arde, arde,
flameja.
(in "Onde estivestes de noite"-Clarice
Lispector)
quarta-feira, 9 de janeiro de 2008
Clarisse Lispector
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