sábado, 26 de janeiro de 2008

GINNA GAIOTTI

Me deixo estar inerte
porque não há em mim qualquer coragem.
Não posso ter, nem ser,
nem morrer, nem viver,
não posso entrar nem sair.
Clamo por Deus e Ele me devolve ao tempo,
às notas fiscais que
- por ordem do governo -
devo exigir dos maus negociantes.

Porque todo esse peso sobre mim?
Não quero ser fiscal do mundo,
quero pecar, ser livre,
devolver aos ladrões
suas obrigações com os impostos.

Tudo me está vedado,
não há lugar para mim,
parece que Deus me bate,
parece que me recusa,
pedir auxílio é pecar,
não pedir é loucura,
é consentir no auxílio do diabo.
POR DEUS, QUEM SOU?
(Adélia Prado)

0 comentários: