“Minha implicância com todo tipo de autoridade nasceu comigo
- como o sinal na mão e a cor dos olhos.
Mais de uma vez botei a língua pra mãe ou avó.
Uma vez chamei a mãe de burra.
Cataclismo, lesa-majestade, grave queixa a meu pai. Castigo.
Nesse dia, eu lembro, a mãe chorou e o remorso foi um punhal no meu peito.
Como em outras vezes, corri para o jardim, peguei a flor mais bonita,
rabisquei na minha letra – péssima – um bilhete
que botei sobre o travesseiro da mãe – que guardou vários parecidos:
‘Mãezinha querida eu sei que sou muito má me perdoa eu te adoro.’”
(Lya Luft – in “Mar de Dentro”)
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