sábado, 19 de janeiro de 2008

TARDES


Quando a tarde vem vindo e o crepúsculo desce
como uma ampla asa, e atrista os horizontes quedos,
eu creio ouvir, pelo ar, turturinos de prece,
uns murmúrios de amor, um frufruar de segredos.
Um sino badalando, aos poucos, esmorece;
a tristeza do bronze acorda n'alma medos,
e a almas sentem frio: — um frio que parece
vir o pólo da morte, através de degredos.
Há também tardes n'alma. Há mudez. Crepuscula.
O sino da saudade acorda e abre o passado
— livro que se fechou, sonho que não arrula.
E ansiamos reviver as esperanças mortas!
E ansiamos reentrar nesse templo doirado!
e — ai de nós! — um nevoeiro esconde-nos as portas ...
(Narciso Araújo)

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