domingo, 23 de março de 2008

GUSTAVO DRUMMOND


DUALIDADE
Uma parte de mim jaz inerte,
Outra vai ao cinema, se diverte.
Uma vive estranha utopia,
Outra não se via,
Dois seres,
Uma mesma matéria:
Uma telúrica,
Outra aérea.
Uma brinca, se arrica, e cresce.
Outra branca, livída, esmaece.
Uma voa por impulso,
Outra corta o pulso.
Outono,
Monotonia,
Átomo,
Bigamia.
Uma se atira do precipício,
Outra é só o início..
Beijo com beijo,
Conflito com conflito.
ambas desejo de um grito.
Ambas em constante atrito.
Uma dedilha o alaúde,
Acordes reflexivos.
Outra deita no ataúde,
Dorme o sono dos injustos.
Encontram-se em festins e funerais,
Nos instintos animais.
Nas brumas, bacanais.
Bares, azares, lares.
Se beijam como Judas,
Uma parte é fulgaz,
Outra vem tarde,e se vai.
E se foi,
Não voltou
Nunca mais!
(Gustavo Drummond)

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