DUALIDADE
Uma parte de mim jaz inerte,
Outra vai ao cinema, se diverte.
Uma vive estranha utopia,
Outra não se via,
Dois seres,
Uma mesma matéria:
Uma telúrica,
Outra aérea.
Uma brinca, se arrica, e cresce.
Outra branca, livída, esmaece.
Uma voa por impulso,
Outra corta o pulso.
Outono,
Monotonia,
Átomo,
Bigamia.
Uma se atira do precipício,
Outra é só o início..
Beijo com beijo,
Conflito com conflito.
ambas desejo de um grito.
Ambas em constante atrito.
Uma dedilha o alaúde,
Acordes reflexivos.
Outra deita no ataúde,
Dorme o sono dos injustos.
Encontram-se em festins e funerais,
Nos instintos animais.
Nas brumas, bacanais.
Bares, azares, lares.
Se beijam como Judas,
Uma parte é fulgaz,
Outra vem tarde,e se vai.
E se foi,
Não voltou
Nunca mais!
(Gustavo Drummond)
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