sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

BRUXA, INFINITAMENTE BRUXA...


Descobri-me bruxa menina,
Ao perceber-me mulher,
Ao desvendar os segredos todos,
O reconhecimento da fêmea.
Saber das curvas e sinuosidades do corpo,
Conhecer a memória ancestral.


Vi-me bruxa, ao deixar aflorar essa parceira silenciosa,
Apontando o caminho da sensibilidade,
Dos sentidos aguçados.


Percebi-me capaz de vivenciar as experiências,
explorar o corpo suavemente,
sentir cada dobra de pele,
deixar a água percorrer os montes e vales,
entender o prazer,
tomar posse do próprio prazer.


Sou mulher, feita de voltas, montes, circunferências,
Sou doçura e transcendência,
O caminho da profundidade.
Não me pertencem retas ou lanças,
Aprisionamento fálico ou fóbico,
rigidez, frieza e solidão.


Sou a que cuida,
A que cura e suporta,
A que restitui as curvas ao mundo.
Por isso sou bruxa.


Há que dançar e celebrar a colheita,
sentir o pulsar alegre que emana da terra,
cumprimentar as borboletas,
restabelecer a ligação com a Grande Mãe, a Natureza.


Sou bruxa sim,
parte de um maravilhoso sistema encantado,
sem medos ou angústias,
em compasso com todos os elementos.


Sou bruxa, porque me sei mulher.
(Lílian Maial)

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