quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

A Marquise Como Morada


A Marquise
Como Morada

Nada mais dói,
dilacera e corrói
o coração desse poeta,
que ver um semelhante
maltratado, aniquilado
e dormindo ao relento,
como se não fora ele
uma criatura de Deus,
um nosso ente irmão
repleto de sentimentos.
Enfim, um ser humano
indistinguível a mim.
Que sorte “madrasta”
imputada a alguns,
gerada pelos poderosos,
mas só vivida e sentida
por nós, os pueris comuns.
Será que um dia isso muda?
Melhor, será que um dia
o nosso gênero humano
se sensibiliza e de fato
se enterneça e se humaniza?
A vilania do egoísmo,
adicionado à hipocrisia
da nefanda e vulgar exclusão,
provedores de tal deterioração,
perpetuam e se multiplicam,
suscitando os pobres renegados,
os deserdados de nossa nação,
sob a forma de guerra velada
de irmão contra irmão.
Essa é a guerra mais antiga,
cruel e indecente, pois que,
os antagonistas sequer se tocam
e para ela não há incitação,
a não ser a arrogância do mal
e o sombrio mortiço do coração
... O desatino da vil ambição.
Nessa alucinada guerra
não há arma ou armadura,
só o sepulcro da emoção.
Parecemos uma imensa
alcatéia de famélicos lobos
sem qualquer brandura
ou discernimento do bem,
pois é lobo comendo lobo
e quando não houver mais
lobos a serem comidos,
o lobo que sobreviver,
morrerá de inanição.
Enquanto uns exclamam:
Lar, doce lar...!
Outros reclamam:
Marquise, amarga marquise...!
(Antônio Poeta)

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