segunda-feira, 28 de julho de 2008

Vírginia Vitorino



SONETO

Não venhas ver-me, não! De que servia?
Nem eu tenho coragem para tanto.
Gostava muito, sim, mas todo o encanto
da tua grande ausência acabaria.

É tornar-te a perder. Num certo dia,
tu partes novamente, e todo o pranto,
ou pouco ou muito - não importa quanto -
nunca o compensa uma hora de alegria.

Mas se eu não posso ter outro desejo!
Se eu, não te vendo a ti, nada mais vejo!
Como é que, sendo assim, não te hei-de ver?

Responde-te a minha alma comovida:
- Vale mais ter um mal por toda a vida
do que alcançar um bem para o perder.
(Vírginia Vitorino - 1898-1967)

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