domingo, 1 de junho de 2008

Procura-se o amor



Procura-se o amor
Por onde anda o amor? Não o amor de dizer te amo, como se isso fosse bastante e definitivo. Tampouco o de dar presentes e freqüentar lugares de luxo, exibindo a nova conquista como um troféu de caça. Muito menos o que existe, apenas e exclusivamente, nos lençóis da cama, quando os corpos se entregam.
O amor procurado é aquele que se basta, que faz de dois uma multidão e uma festa de um só par. De caminhar na chuva, mãos dadas, achando a coisa mais gostosa e original do mundo. De olhares que mandam e-mails e recebem respostas: Te quero. Vamos pra casa? Só se for agora! De amar, perigosamente, em lugares públicos, mas, também, desveladamente, num quarto de hospital. Cúmplice no prazer e no pranto.
Amor de dois sonharem um mesmo sonho, mentes e corações em uníssono no compasso de uma sinfonia bailada, com singeleza e entrega, pelos salões de uma existência inteira.
E que se diga que não pode existir amor assim. Não importa! Maior ainda por ser inadmissível, sorrirá no sorriso dos que o encontraram, abstraído da incredulidade dos que serão, somente e para sempre, desapaixonados.
Amor, enfim, do beijo inimitável que, como um milagre, acontece uma vez apenas e não tem similar em qualquer dos beijos da história ou da fantasia. A combinação de um cofre, cuja senha só dois conhecem, que dá acesso à confusão de corpos e espíritos que, como no texto bíblico, faz a luz.
Amor de iluminar o mundo de uma forma tão clara que o mundo inteiro saiba que é, de fato, amor.
(Alberto Cohen)

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