domingo, 1 de junho de 2008

Alberto Caeiro


O Amor é uma companhia
Já não sei andar só
pelos caminhos,
Porque já não posso
andar só.
Um pensamento visível
faz-me andar mais depressa
E ver menos, e ao mesmo tempo
gostar bem de ir vendo tudo.
Mesmo a ausência dela é uma
coisa que está comigo.
E eu gosto tanto dela que não
sei como a desejar.
Se a não vejo, imagino-a e sou
forte como as árvores altas.
Mas se a vejo tremo, não sei
o que é feito
do que sinto na ausência dela.
Todo eu sou qualquer força que
me abandona.
Toda a realidade olha para mim
como um girassol com a cara dela no meio.
(Alberto Caeiro)

0 comentários: