sexta-feira, 6 de junho de 2008

Henriqueta Lisboa


Infância
E volta sempre a infância
com suas íntimas, fundas amarguras.
Oh! por que não esqueceras
amarguras
e somente lembrar o que foi suave
ao nosso coração de seis anos?
A infância melancólica
ficou naqueles longos dias iguais,
a olhar o quintal horas inteiras,
a ouvir o gemido dos bambus verde-negro
sem luta sempre contra as ventanias!
A infância inquieta
ficou no medo da noite
quando a luz vacilava mortiça
e ao derredor tudo crescia escuro, escuro...
A menininha ríspida
nunca disse a ninguém que tinha medo,
porém Deus sabe como seu coração batia no escuro,
Deus sabe como seu coração ficou para sempre diante da vida
- batendo, batendo assombrado!
(Henriqueta Lisboa)

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