quinta-feira, 15 de maio de 2008

GUSTAVO DRUMMOND


A MORTE DA ÁGUA
Fonte estéril.
Rio em pó.
Mar morto.
Sede só,
Pra que porto?
Destruam os cais,
Jaz no leito
O último manancial.
Adoeceu, de tanto mal,
Provocado pelo humano,
Tão desumano.
Você tem sede de que?
Saciar essa aridez de que jeito:
O Pacífico,
Se tornou Atacama.
O Atlântico Saara.
O Índico deserto.
Tão perto de minha boca.
Vão beber o que:
Sangue,
Suor,
Cápsulas de H2O,
Drágeas de fel,
Água dos filmes,
Mágoas dos crimes,
Lagoa azul,
Chuva não há.
Mundo árido,
ávido por liquído,
Morto de sede,
agora,
Tão tarde
Fazer o que?
(Gustavo Drummond)

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