domingo, 27 de abril de 2008

A. ESTEBANEZ


GRITO ABAFADO
O meu grito é sufocado.
Não parece que é grito.
Parece um grito falado.
Mas ele nunca foi dito.
É a pedra sob as águas
é mágoa de sentimento
é um grito de palavras
retidas no pensamento.
Corpo a corpo desafia.
É faca que cai da mão.
É como pedra que afia
os punhais do coração.
Como resto de festins
sobrevive dos jejuns...
Ele é a fome de todos
e mesa farta de alguns.
Sob a mira dos fuzis
é muralha de granito.
Ressoa a bala no eco
e retorna como grito.
E se me tiram a voz
é daí que me revolto...
O que se fala calado
ecoa muito mais alto.
(A. Estebanez)

0 comentários: