Agonia da Magistratura
Com muito menos magistrado
Do que tem de pessoal
Simples subsidiárias
Que grande empresa organiza,
De processos abarrotado,
Num movimento infernal,
Em lides multifacetárias
O Judiciário agoniza.
Atribuem ao Judiciário
Os que não gostam da verdade
A culpa, em noticiário,
Dos males da sociedade.
Se alguém, barbaramente,
Crime hediondo comete
A culpa, impiedosamente,
Aos juízes se remete.
Qualquer hora um julgador
Numa sentença – há de se ver –
Absolverá um infrator
E condenará o Poder.
Os juízes são culpados
Da concentração da riqueza
Na mão de privilegiados
Que socializam a pobreza?
Serão juízes causadores
Como dizem, sem clemência,
De todos esses horrores
Da onda de violência?
Outro dia um Presidente
Disse na televisão,
Falando a toda a nação
Num tom de voz veemente
Que o problema fundiário
Se deve ao Judiciário.
Deputado Federal
Tá ganhando oitocentos
Deputado Estadual
Tá ganhando seiscentos
Edil da Capital
Tá ganhando quatrocentos
Juiz de entrância final
Ganha menos de duzentos.
A lei se manda em janeiro
Para atualizar o provento.
Entra em vigor em abril.
Em maio sai pagamento.
Quando chega o dinheiro,
Muito mais do que o aumento,
A inflação do Brasil
Já levou do vencimento.
Somos cada vez mais pobres
Com o serviço aumentando
Sem deixarmos de ser nobres
A pátria vamos amando,
Servindo, também, a incautos,
Servindo até aos ingratos
E os anos vão passando
E a idade vai chegando
Sem um momento de preguiça
Pela causa da Justiça.
Até quando?
Até quando?
(Augusto Vieira)
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