domingo, 20 de abril de 2008

Augusto Vieira


Agonia da Magistratura
Com muito menos magistrado
Do que tem de pessoal
Simples subsidiárias
Que grande empresa organiza,
De processos abarrotado,
Num movimento infernal,
Em lides multifacetárias
O Judiciário agoniza.

Atribuem ao Judiciário
Os que não gostam da verdade
A culpa, em noticiário,
Dos males da sociedade.

Se alguém, barbaramente,
Crime hediondo comete
A culpa, impiedosamente,
Aos juízes se remete.

Qualquer hora um julgador
Numa sentença – há de se ver –
Absolverá um infrator
E condenará o Poder.

Os juízes são culpados
Da concentração da riqueza
Na mão de privilegiados
Que socializam a pobreza?

Serão juízes causadores
Como dizem, sem clemência,
De todos esses horrores
Da onda de violência?

Outro dia um Presidente
Disse na televisão,
Falando a toda a nação
Num tom de voz veemente
Que o problema fundiário
Se deve ao Judiciário.

Deputado Federal
Tá ganhando oitocentos
Deputado Estadual
Tá ganhando seiscentos
Edil da Capital
Tá ganhando quatrocentos
Juiz de entrância final
Ganha menos de duzentos.

A lei se manda em janeiro
Para atualizar o provento.
Entra em vigor em abril.
Em maio sai pagamento.
Quando chega o dinheiro,
Muito mais do que o aumento,
A inflação do Brasil
Já levou do vencimento.

Somos cada vez mais pobres
Com o serviço aumentando
Sem deixarmos de ser nobres
A pátria vamos amando,
Servindo, também, a incautos,
Servindo até aos ingratos
E os anos vão passando
E a idade vai chegando
Sem um momento de preguiça
Pela causa da Justiça.
Até quando?
Até quando?
(Augusto Vieira)

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